BASTA QUE UM PÁSSARO VOE |
BASTA QUE UM PÁSSARO VOE |
BASTA QUE UM PÁSSARO VOE é um criação de Rui Dias Monteiro (fotografia) e de Vítor Ferreira (texto) desenvolvida no contexto do projeto pluridisciplinar “Rastro, Margem, Clarão”, no qual um colectivo de criadores em artes performativas, artes visuais e ensaístas se propuseram pensar a escrita de Rui Nunes (n. 1945) nas suas heterogeneidades, nódulos temáticos e inquietações, numa abordagem arrojada e heuristicamente transdisciplinar.
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— veja como tudo se move. Basta que um pássaro voe para que o mundo entre em movimento. São estas as coisas muito simples que vejo. As únicas que posso pensar.
Rui Nunes, Álbum de Retratos
Montemor-o-Novo, 2020. Rastro, margem, clarão. Para que o mundo entre em movimento: rezo, por fim, a oração que faltava. É também minha esta fotografia. Disse-te que a encontrarias. Havia imagens à tua espera nesse caminho, que, sozinhos e juntos, fizemos em diferentes dias, a diferentes velocidades, sob diferentes condições climáticas. Pago, por fim, o que te devo: uma cerveja Cristal, uma garrafa de água, num café em Paião.
O título deste livro, sugerido por RDM, apropria-se do excerto acima transcrito, mas não o conclui. Ao invés, exige a quem vê as fotografias um exercício de imaginação. O exercício de ver deve ser, acima de tudo, uma dúvida. Basta que um pássaro voe: para quê? Cabe, a cada um de nós, ver, isto é, inventar uma ficção.
(A luz é aqui diferente. Recorta os espinhos com a sua calidez)
Depois da fotografia. Os dois pássaros já levantaram voo. O sol está quase a pôr-se. Fechemos, portanto, com o último fragmento de Álbum de Retratos, com estas derradeiras palavras tão exactas na sua gaguez:
já não se sabe quem iniciou esta fala tão longa, foram nascendo dela as pessoas e nela sucessivamente se apagaram, algumas renasciam para completar descrições interrompidas ou prolongar desconhecimentos
o mundo é uma floresta vária: diz o narrador. Sente quase terminada a sua própria aventura e teme a opacidade de uma casa definitivamente construída
(eis o meu abandono)
Ecce homo.
[Excerto do ensaio de Vítor Ferreira]
Fotografia_ Rui Dias Monteiro
Texto_ Vítor Ferreira
Edição_ Terceira Pessoa
Design Gráfico_ Cátia Santos
Vídeo e fotografia de processo_ Tiago Moura
Produção_ Ana Gil, Nuno Leão
Produção Executiva_ Bruno Esteves
Impressão_ Norprint Artes Gráficas – a casa do livro
350 exemplares, Novembro 2020
Financiamento e apoio à edição_ Direção-Geral das Artes /República Portuguesa – Cultura, Câmara Municipal de Castelo Branco
Casa Amarela - Galeria Municipal, Castelo Branco
Casa Amarela - Galeria Municipal, Castelo Branco
STET Livros & Fotografias, Lisboa
Salão Junta Freguesia, Vila do Conde
Biblioteca Municipal, Vila Nova de Famalicão