08 Mar Filosofia da Paisagem | Residência Castelo Branco
Há dias que contêm em si a potência de toda uma vida. Há dias que contêm em si a potência de inventar toda a História do Mundo. Dias em que podemos começar a contar (ou escrever) a história outra vez. Dias que, tal como se dizia no nosso “Inscrição”, “aconteçam porque querem”. É impressionante, comovente até, ver a história que se escreve na Terceira Pessoa, essa que está sempre inacabada, por concluir, por vir. Sinto-me quase abençoado por poder fazer parte dela, por poder ver o espetáculo do mundo outra vez a habitar os nossos corpos (e os nossos corpos a habitá-lo) e os múltiplos espaços que vamos tornando nossos à medida que os atravessamos.
Há uma manta estendida no parque ao final do dia. A noite já caiu neste lugar onde o mundo se inventou. Eu continuo lá, a sonhá-lo, agora debaixo de um céu estrelado onde descobrimos cães, gatos, dinossauros, glaciares, quedas de água, tempestades marítimas… E choramos… e sorrimos… e sorrimos e choramos ao mesmo tempo perante este espetáculo, como se a beleza fosse demasiada para a nossa humanidade a conseguir conter.
A manta é o meu corpo e a fotografia é um acto físico.
Deixo de existir, torno-me espaço. Deixo de. Torno-me. Torno. Retorno. Retorno. Espaço…
Nuno Leão, 7 março 2015, algures
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conceito, escrita e performance Nuno Leão fotografia, vídeo-arte Tiago Moura performance e pesquisa Ana Gil composição sonora Nuno Mendoza design gráfico e comunicação Cátia Santos produção Terceira Pessoa
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